terça-feira

Amigos: por onde andam eles?


Existe um ditado que diz morremos como viemos ao mundo: sozinhos (com exceção dos gêmeos, claro). Fico me perguntando se realmente é assim. Será? Ao longo de nossas vidas, sejam elas curtas ou não, nós conhecemos tanta gente, como podemos morrer sem a presença de nenhum deles? Enfim, levando nosso papo adiante, meu post de hoje é sobre amizade. Essa coisinha que às vezes nós esquecemos e passamos por cima. Amigos são criaturas engraçadas. Mesmo quando são sérios. Eles estão sempre ali quando precisamos, ou pelo menos esperamos que eles estejam.

Não é fácil ser amigo de alguém. Digo isso por quê o ser humano é muito complexo. Complexo até demais. Muitas vezes quando você pensa estar agradando está provocando exatamente o oposto. E a gente fica sem jeito de dizer a verdade ao amigo e acaba deixando que ele continue sem noção.  O ser humano é falso por natureza. Mesmo quando não quer, ele acaba se distraindo e quando vê, ops, já pensou o que não devia. Imagina se Deus desse o poder de ler mentes para nós? Nossa senhora, que puta confusão não ia ser. Muita gente seria linchada, e eu confesso que seria uma das vítimas.

Amizade quer dizer dedicação. Não quer dizer que você tenha que viver apoiando a pessoa o tempo todo, mesmo ela estando errada, Quer dizer que você tem que apoiá-la deixando clara sua posição perante os fatos. Um bom amigo não oculta os mal feitos do outro. Muito pelo contrário, o objetivo de um amigo em sua vida é simplificá-la.

Amizade tem a ver com saber lidar com as distâncias. Hoje me pego a pensar em muitas pessoas que em determinados momentos da minha vida foram imprescindíveis e que hoje só me lembro delas vez ou outra. Aí eu me pergunto: era amizade mesmo? Desenvolvi uma tese para essa questão. Ei-la: algumas pessoas se fazem de tal maneira presentes em nossa vida, que acabam por marcá-la de uma forma definitiva, tendo assim um lugar especial na sua história. Essa marca permanece mesmo que essas pessoas não façam mais parte do seu dia a dia.

Amizade não pode sufocar. Ta bom que é muito gostoso ter um amigo que te faz se sentir bem, que te diverte, que te salva do sufoco. Mas é preciso delimitar limites nessa relação de amizade. Parece radical? Não é. Digo isso por que é extremamente sufocante ter uma pessoa que por ser seu amigo se acha no direito de controlar sua vida. Amigo não significa dono. Você deve deixar seu amigo ser feliz, e viver. Conhecer outras pessoas ou mesmo se tornar amigo de outras pessoas não vai fazer dele menos seu amigo. Mas um ciuminho básico pode por ninguém é de ferro.

Parentes são pessoas que Deus joga no seu destino sem que você possa reclamar (ou até pode, mas não sei se vai adiantar muito, afinal de contas você já nasceu mesmo!), mas amigos são pessoas que surgem em seu destino para que você possa acrescentar algo de bom em si mesmo. Nós aprendemos com nossos erros e os verdadeiros amigos nos ajudam nesse aprendizado. Erram conosco, vibram com nossas vitórias, choram nossas derrotas, e acima de tudo, caminham conosco lado a lado, nos empurrando pra frente.


Um abraço a todos os meus amigos. Aos que passaram pela minha vida e aos que continuam. Aos que se foram, aos que estão e aos que virão, a todos um caloroso abraço!



segunda-feira

EU NÃO SOU ADULTO! OU MELHOR: NÃO QUERO SER!

EMBORA SOUBESSEMOS QUE UM DIA TODO AQUELE DESEJO DE SER GRANDE PASSARIA NÃO ABRÍAMOS MÃO DE PENSAR COMO SERÍAMOS NO FUTURO, AGORA NÃO TÃO DISTANTE ASSIM.

ÉRAMOS UM GRUPO QUE SONHAVA, SONHÁVAMOS QUE PODIAMOS TUDO
TUDO O QUE TINHAMOS ERA NADA, NADA MAIS DO QUE O NECESSÁRIO. NECESSARIAMENTE EU BUSCAVA UM ALGO A MAIS NAQUELES OLHOS BRILHANTES
ME ENCANTAVA O FATO DE QUE AQUELE BRILHO QUE POR VEZES ME OFUSCAVA APAGAR SE IA EM MEIO AO PASSAR DOS ANOS .

TERÍAMOS ENTÃO REALIZADO NOSSO DESEJO

SERÍAMOS GRANDES, ADULTOS

PORTANTO, CINZAS!!

MINHA INCAPACIDADE DE LIDAR COM AS PESSOAS



Acabei de chegar em casa depois de passar três dias fora. Sabe, me sinto estranho ao pisar novamente aqui. As pessoas me olham como se eu fosse um ser estranho, como se não pertencesse mais a esse mundo. Desde pequeno nunca tive muita vontade de viver em bando. Claro gosto de ter a companhia de pessoas que eu gosto, dos meus amigos, eu gosto disso. Mas eu sou um cara que preza muito mais a solidão. Adoro ficar em casa sozinho, ouvindo música, curtindo a minha companhia. Sei lá, uma esquizofrenia talvez, mas é o meu jeito. As pessoas se assombram sempre que conto minha fórmula da felicidade: ter o meu canto, com a minha energia, ter o meu emprego, ter meus pequenos luxos como ir ao cinema, comprar um livro e fazer uma viagem no fim do ano. Ou seja, coisas extremamente possíveis. E para isso eu não preciso desfrutar da companhia de ninguém. Posso muito bem fazer tudo isso sozinho. Por quê que eu sou assim? Freud explica. Sempre fui uma pessoa que se apega muito fácil aos outros. Me apegava aos meus amigos com uma facilidade impressionante. E o tempo (ou o destino, chamem como quiser) sempre dava um jeito de afastá-los de mim. Eu, bobo como sempre, demorei até perceber que essa é a máxima dos amigos na nossa vida: eles vem e vão, aproveite os enquanto ainda estão do seu lado. Hoje em dia aprendi (será?) A lidar com essas perdas. Desfruto ao máximo a companhia dos meus amigos. Sempre com esse medo, esse temor de perdê-los na primeira esquina. Mas mesmo assim vou em frente e tento manter essa amizade ao máximo. Gosto muito de conhecer pessoas, é um dos meus passatempos favoritos.


Chuva agora, quem sou eu no meio da névoa?

Quero se livre...
Meu sonho? Tomar um banho de chuva...














A chuva cai em cântaros nessa cidade estranha na qual me encontro. Uma chuva densa que tem por finalidade lavar toda a sujeira que permanece oculta pelas sombras da noite ou pelas cinzas do dia. Penso que talvez eu devesse me colocar debaixo dessas águas abençoadas para que minha alma fosse purificada, para que meu corpo permanecesse isento da maldade desse mundo cão. Contemplo com um olhar perdido os rostos tristes e sem esperança dos milhares que passam por mim diariamente no seu frenesi incontrolável. Todos temem algo, ou alguém. Todos buscam alguma coisa, ou alguém. Algo que os transforme em seres realizados. Meu olhar vazio percorre vielas, becos vazios e ruas povoadas de gente. Meus passos me levam adiante sem que eu possa me dar conta de para onde estou seguindo. É como se uma força dentro de mim se manifestasse, uma força que eu não conhecia. O frio que se instala em mim quando abro a janela do ônibus vazio, me trás à lembrança de quando era criança, e que todos os meus problemas se resolviam cobrindo a cabeça com o lençol da cama. Observo a paisagem ao meu redor. É um misto de loucura com desejo, uma fórmula que eu jamais saberia explicar. Assim é essa cidade. Um lugar que me desafia a todo instante. Dotada de uma força descomunal, essa cidade tem a capacidade de testar todos os meus limites. Nela chego ao topo ainda desejando ir mais além. Organizo os pensamentos que vem em alta velocidade na minha cabeça. Uma esquizofrenia se apossa do meu ser, e no minuto seguinte decido que já não sou eu mesmo. Sou qualquer, eu sou de qualquer lugar. Eu sou do mundo, sou o quem o mundo quiser que eu seja. Eu sou uma fera que corre contra o vento buscando o prazer de estar liberta. Eu sou a fúria nos olhos dos guerreiros que por aqui passaram anos atrás. Eu sou o ciúme que percorre as veias do amante, eu sou o desejo que corrói os jovens enamorados, eu sou a raiva de um coração desprezado, a desilusão que mutila o sonho daqueles que não conseguem ir além das dificuldades que encontram pelo caminho. Num súbito lance de lucidez retorno para minha realidade cotidiana, onde sou esse ser que todos vêm, mas que ninguém consegue decifrar, que mantêm dentro de si um mundo que pulsa, vibra e sofre. Carne, sangue e coração.


Na solidão encontro todas as forças que necessito para sobreviver nesse mundo...

terça-feira

VIAJANDO POR ENTRE NUVENS E FORMAS

*texto escrito coletivamente por Thiago Ribeiro, Priscila Pimentel, Amanda Shapovalov, Maurício Almeida, Juliana Paixão e Liliane Pires, na escola de teatro da UFBA.
                             NUMA TARDE DE SEGUNDA FEIRA AO QUASE POR DO SOL JUCA E BRUNO OLHARAM AO MESMO TEMPO PARA O CÉU. DA FRONDOSA E ENCORPADA ÁRVORE ONDE ESTAVAM, EXAMINAVAM O CÉU ATENTAMENTE A PROCURA DA NUVEM MAIS BONITA QUE EXISTISSE. E LÁ, NO CÉU, ENTRE BICHOS E OUTRAS FORMAS VIAJARAM NUMA VELOCIDADE QUE SÓ SE ATINGE QUANDO SE USA TODO O PODER DA SUA IMAGINAÇÃO, IMAGINAÇÃO ESSA QUE SÓ AS CRIANÇAS POSSUEM EM VASTA QUANTIDADE.

                OS MENINOS NEM VIAM O TEMPO PASSAR, DE TÃO ENTRETIDOS QUE ESTAVAM. APONTAVAM EXCITADOS PARA O CÉU SEMPRE QUE VIAM SURGIR POR ENTRE AS NUVENS UMA FORMA DIFERENTE. UM COELHO, UM CAVALO, UM VELHO, UM MENINO; ERA UMA IMAGEM SE FORMANDO ATRAS DA OUTRA, IMAGENS VAGAS, IGUAIS AS MEMORIAS SOLTAS DAS  SUAS VIDAS. SUBITAMENTE, BRUNO PAROU DE CONTEMPLAR O CÉU E VIROU SE PARA JUCA DIZENDO COM A CARA SÉRIA:
- Você já percebeu que o mundo não gira mais?
- AH! Ra-ra-ra; o mundo ta girando você é que não percebeu! – respondeu Juca, certo de que eras mais esperto que o irmão.
BRUNO NÃO SE DEU POR VENCIDO:
- Digo que não, veja bem! Você lembra-se de quando podíamos voar?
JUCA FICOU PENSATIVO. NÃO SÓ LEMBRAVA-SE DE QUANDO PODIA VOAR COMO TINHA CERTEZA DE QUE PODERIA FAZÊ LO DE NOVO SE ASSIM QUISESSE. CONCENTROU SUA ENERGIA NAQUELA IDEIA E COMEÇOU A FLUTUAR EM DIREÇÃO AO CÉU, AINDA QUE SEU CORPO NÃO TIVESSE SAÍDO DA COPA DA ÁRVORE.
OLHOU PRA BRUNO E DISSE:
- VEM!
E BRUNO O SEGUIU, SEM NEM PERGUNTAR PRA ONDE. VOAVAM POR ENTRE AS NUVENS. NESSA LONGA VIAGEM TENTAVAM APRISIONAR NUMA PEQUENA GAIOLA IMAGINÁRIA PEDAÇOS DE NUVENS, NUVENS ESSAS QUE FUGIAM AMEDRONTADAS. EM DADO MOMENTO, NUM PROVIDENCIAL GOLPE DE SORTE um dos meninos agarrou uma enorme barra de chocolate que por ali passava. Sua alegria se dissipou ao perceber que aquele sonho doce lhe escapava pelas mãos.
DECIDIRAM ENTÃO VOLTAR PARA A TERRA E NUM PISCAR DE OLHOS ESTAVAM NOVAMENTE NO QUINTAL DA CASA DO AVÔ, NA VELHA GOIABEIRA. A ÁRVORE QUE OS ACOLHIA EM TODAS AS SUAS AVENTURAS.
- Vamos fazer uma casinha na árvore ? – PERGUNTOU JUCA.
- Seria bem legal! Podíamos até pescar no riachinho que passa aqui perto. Hum! Adoro camarão! – RESPONDEU BRUNO.
E PUSERAM SE A PENSAR E TRAÇAR OS PLANOS DA CONSTRUÇÃO DA NOVA MORADA. SERIA FORTE, RESISTIRIA A TROVÕES E TEMPESTADES, SERIA O ESCONDERIJO PARA ESCONDER TESOUROS ROUBADOS DE PIRATAS, SERIA O CASTELO QUE HOSPEDARIA REIS E RAINHAS QUE POR ALI PASSASSEM. OU NA MENOR DAS HIPÓTESES, SERIA ONDE SE ESCONDERIAM CASO MAIS UMA VEZ JUCA QUEBRASSE A JANELA DO VIZINHO COM UMA PEDRA DO SEU ESTILINGUE.
SUBITAMENTE, JUCA PERGUNTOU:
– Bruno você lembra quando tínhamos que trabalhar?
– Era cansativo!... Agora é muito melhor.
– É! Sou mais feliz agora também.
– Agora é que é bom. Não temos preocupações. Comemos algodão-doce, maçã do amor, brincamos com carrinho de rolimã, sete pedras, picula, elástico, nossa! Que maravilha! Deu vontade de descer da árvore, reunir a galera e brincar até cansar! – concordou Juca.

- Tu se lembra de quando a gente pegava maçã pra comer aqui escondido da minha tia?
- Lembro pouco... Acho que tô perdendo a memória da minha infância.

Juca fica de frente para Bruno, que faz cara de decepção. Juca olha algumas folhas de jornal no chão, se abaixa, pega uma folha de jornal, amassa ela toda até formar uma bola, olhando para a bola de jornal amassado ele estende o braço para Bruno..

- Veja! Agora você lembra? – diz sorrindo para o irmão. – O mundo é que nem essa folha de jornal, a gente pode dar a forma que a agente quiser.
EMPOLGADO, BRUNO JÁ IA RESPONDER QUANDO PAROU ASSUSTADO.
- Você está ouvindo? – PERGUNTOU BRUNO
- O que? – DISSE JUCA
- Uma voz, JUCA.
-PARECE QUE É... A árvore que tá falando...
E num misto de excitação e medo pararam para ouvir o que a velha árvore dizia:
...E o tempo será infinito. E vocês poderão transcender. E as brincadeiras irão fazer vocês viajarem por diferentes paisagens. Mas, apenas tenham cuidado com uma coisa: o mau-humor. Ele poderá fazê-los retornar ao início da viagem, ou então, ir para o mundo das sombras.

Juca, já mais seguro de si, respondeu:
- Ah, Dona Árvore, se os pensamentos ruins vierem, é só apagar com borracha.
As pessoas começaram de repente a rejuvenescer? Ou os espelhos já não refletiam apenas o exterior? A questão é que as perguntas já nem eram tão importantes, pois a vontade de correr para rua e bolar novas brincadeiras e remodelar as antigas, sempre numa nova algazarra, superava qualquer outro desejo. Sorrisos garantidos, rugas perdidas e dias seguidos... Dias atípicos passaram a ser os que o Sol resolvia seguir seu velho caminho de iluminar e apagar, e permanecia cá e lá, e fazia mais horas de luz e brincadeira.
-              Bruno, para onde vamos?
-              Depois do lanche?
-              Não, Bruno! Para onde vamos todos nós? Para onde vão as horas? Que faremos no futuro?
-              Ah, Juca, não sei... Sei que inventar faz parte do futuro e passado de todos nós. Vamos seguir fazendo o novo, e rindo com ele.
-              E você ainda chora, Bruno?
-              Sim... E nesses dias fico pesado como nuvem de abril. E despenco em lágrimas e chovo muito... Dissipo e recomeço!

DESEJO... DESEJO MAIS QUE UM SIMPLES DESEJO!


Desejo muito mais que a felicidade para ti.
Desejo que um dia você possa olhar para trás, e mais do que se arrepender do que não fez, possa se orgulhar do que fez.
Desejo que você não se perca pelas estradas. Desejo que você encontre o caminho certo.
Desejo que numa tarde de chuva você possa pintar um quadro ou assar um bolo.
Que você deixa de achar que tudo o que pensaras são bobagens. A maioria das coisas bonitas que lemos por aí foram um dia taxadas de bobagens...
Desejo que você não tenha medo de enfrentar as barreiras que surgirem...
Desejo que você destrua as barreiras, e caso não consiga, contorna-as....
Desejo que você seja além do que você desejava anos atrás.
Desejo que você volte a desejar o que já não desejava mais.
Desejo que você ame.
Desejo que você me ame.