quinta-feira

LUXÚRIA


Uma vítima! É isso que sou, uma eterna vítima dos meus desejos, instintos que muitas vezes me levam a cometer verdadeiras insanidades.  Sou senhor daquilo que acredito, e eu acredito fielmente que todos nós devemos amar sem limites. Não aquele amor que escraviza, domina e que faz de todos os seres humanos capachos patéticos da vontade do outro.  Por isso sou extremamente voraz em todos os meus caprichos. Sabe, já fui muito puritana, a ponto de acreditar que um dia receberia minha recompensa assim que chegasse no céu. Pouco tempo depois, descobri que há meios muito melhores para se chegar até lá. Sou capaz de tudo para manter meu desejo aceso e saciado, não me preocupando se o que vem seja quantidade ou qualidade. Nessa vida há de se experimentar de tudo e com todos. Somos preparados desde o início para conviver com o prazer e a volúpia, mesmo que indiretamente.  Prazer que está enraizado nas vontades mais obscuras do ser humano:

Incesto, masoquismo, fetichismo, masturbação: AMOR LIVRE!

Uso meu corpo como uma extensão para tudo o que eu desejo. Me dobro, me jogo, me atiro sem esperar uma rede de proteção. Sou uma eterna adoradora da lascívia e da sensualidade. Corpos nus se estendem sobre a cama, num eterno vai e vem, em que se atritam e se rendem a um gozo de múltiplas sensações. Sei que sou julgado, condenado e constantemente apedrejado por aqueles que, por inveja ou por medo, quem sabe, não se rendem aos seus desejos.  Eu sou a vergonha dos olhos das donas de casa, eu sou o olhar da beata fanática, eu sou o seu desejo escondido e renegado. Eu sou a luxúria, nascida dentre a paixão, que se transforma em ira quando insatisfeita. Eu sou insaciável, passiva como um anjo, ou indomável como um demônio. Eu sou a porta de acesso ao um mundo obscuro. Te conduzo por caminhos tortuosos, mas inegavelmente excitantes, faço você se render aquilo que você mais teme. Ah, como me acalenta a alma feito um bálsamo esse teu jeito assustado perante meus devaneios. Meu corpo anseia pelo complemento do seu. O ofegar da sua respiração faz com que eu perca a noção de tempo e espaço. Sou seu refém! Prenda-me com seus olhos, morde-me com tua boca ávida pela minha pele. Sente o gosto do meu beijo, o calor dos meus delírios, o desejo estampado nos meus olhos. Coma-me com teus olhos sedentos.

Rasga minhas vestes como fossem feitas de papel!

Papel que eu utilizo para descrever em detalhes toda minha volúpia por este momento tão esperado. Cavalgo pelo teu corpo como uma amazona na fúria da batalha. Sinto teu gosto de fera na minha boca que se abre para receber mais uma parte de ti. Adentra-me com tamanha sede que sou capaz de visualizar um oásis em meio ao deserto dos meus desejos.  Conduzo-te a um vale de sensações, em que o medo e a dúvida já se dissolveram. Aos poucos vou perdendo a noção da realidade, nossos corpos já não podem ser distinguidos separadamente, co-habitamos um ao outro numa simbiose perfeita. Nosso ritmo se perde da mesma forma como perdemos a consciência. O toque dos meus dedos em seu corpo estendido te traz de volta a realidade. E com ela, a sensação de dever cumprido. 


Deixais se dominar pelas paixões ó homens de pouca fé!

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